Imagens da Igreja de Sant’Anna serão restauradas

13/09/2006 14:38:06 - Jornalista: Simone Noronha

Três tesouros históricos de Macaé vão ser restaurados como parte do projeto de recuperação da Igreja de Sant’Anna, do século XVII. A prefeitura abriu processo de licitação para a restauração das peças, datadas dos séculos XVIII e XIX. A principal imagem é a do Senhor Morto, em tamanho natural, estilo barroco, do século XVIII. Também serão restauradas as imagens de Nossa Senhora das Neves e de Sant’Anna, ambas do século XIX.

- A nossa expectativa é de que as imagens fiquem prontas junto com a reforma da Igreja, que deve ser entregue até janeiro -, comenta o secretário de Acervo e Patrimônio, Ricardo Meirelles. De acordo com ele, as imagens têm valor histórico inestimável. A imagem de Sant’Anna, por exemplo, é articulada e pode ser vestida no estilo “saia e blusa”. Por questões de segurança, as imagens foram retiradas da Igreja, mas vão voltar aos altares assim que estiverem restauradas.

Iniciada em maio, a reforma da Igreja de Sant’Anna está entrando em sua fase final. Toda parte do forro, incluindo maideirames e caibros, já foi trocada. O telhado também está quase pronto: foram trocadas quatro mil telhas, mas mantendo o aspecto original. “Compramos muito material de demolição e usamos telhas do século XVIII, que eram moldadas nas coxas dos escravos, como era o telhado original”, explica Ricardo Meirelles.

A obra procura seguir ao máximo a arquitetura original, mas como a Igreja foi bastante mexida com o passar dos anos sem critérios técnicos, está sendo feita reforma restaurativa. A obra inclui também a recuperação dos altares, que estavam sendo destruídos por infiltração e cupins.

História e lenda - A história da Igreja de Santana se confunde com o início da colonização de Macaé, feita pelos padres jesuítas no século XVII. No mesmo ano, eles começaram a erguer no alto do morro a Capela de Santana, um engenho e um colégio, num lugar que mais tarde ficou conhecido como a Fazenda dos Jesuítas de Macaé. Nos fundos da capela, foi instalado um pequeno cemitério, que até hoje guarda os restos mortais de alguns padres.

Além do açúcar, os padres produziam farinha de mandioca em quantidade e extraíam madeira para construções navais e edificações. Em 1759, a fazenda foi incorporada aos bens da coroa portuguesa pelo desembargador João Cardoso de Menezes. No mesmo ano, os jesuítas foram expulsos do Brasil, imposição feita pelo Marquês de Pombal. A Igreja de Santana foi fundada um século mais tarde, em 1898, no local onde foi erguida a primeira capela dos jesuítas.

A igrejinha no alto do morro também faz parte da lenda mais popular da cidade. Conta a lenda que a Imagem de Santana foi encontrada por pescadores, numa das Ilhas do Arquipélago que lhe dá o nome (Ilha de Santana). Trazida para o povoado, a imagem teria sido colocada no Altar Mor da Capela dos Jesuítas, desaparecendo misteriosamente no dia seguinte. Foi encontrada dias depois na ilha e levada novamente à Capela. O fato repetiu-se mais duas vezes. Na terceira fuga, concluíram os devotos que a Santa sentia saudades da ilha que era avistada do Altar da Capela. Desta forma, os padres reedificaram o templo, voltando sua fachada frontal para o ocidente onde a Santa não “veria” mais o mar e o arquipélago de onde viera.