Macaé terá a primeira fábrica de bio combustível do país utilizando óleo de cozinha. O projeto está sendo desenvolvido pela prefeitura, através de parceria entre a secretaria de Ciência e Tecnologia e o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) – Unidade de Ensino Descentralizada (Uned) de Macaé. “É um trabalho totalmente macaense, feito a partir de um trabalho da última Feira de Ciências do município”, orgulha-se o secretário de Ciência e Tecnologia, Guilherme Jordan.
O projeto da fábrica-piloto tem como objetivo transformar óleo de cozinha, que geralmente é jogado in natura na rede de esgoto, em bio diesel. A idéia é instalar a fábrica até o final deste ano. O projeto será implantado na incubadora de empresas da secretaria de Ciência e Tecnologia, dando aproveitamento nobre ao óleo, que não será mais lançado na rede de esgoto, mas reaproveitado, proporcionando energia, desenvolvimento industrial e avanço à defesa do meio ambiente, indo ao encontro à sustentabilidade.
A prefeitura de Macaé aproveitará a nova fonte energética como combustível aos tratores da Fundação de Agropecuária, Abastecimento e Pesca (Agrape). É que o óleo poderá ser substituído pelo bio diesel sem necessidade de ajuste no motor, podendo ser usado puro ou em misturas com diesel
O trabalho foi desenvolvido pelos alunos do Ensino Médio Bruno Damasceno de Souza, 18 anos, do terceiro ano, e Laís de Souza Ferreira, de 17 anos, do segundo ano, coordenados pela professora de Química Margarida Lourenço Casteló.
“Foi um trabalho reconhecido porque tivemos rigor científico e preocupação com a inovação tecnológica”, diz a professora, lembrando que a idéia surgiu em sala de aula no final de 2004. O trabalho encontra-se escrito e registrado em cartório. Segundo o assessor especial da Sectec, Marcelo Machado, a secretaria convidou a professora Margarida para apresentar uma atividade que motivasse os alunos da rede pública em criar idéias para o desenvolvimento científico e tecnológico. “A Sectec gostou do trabalho e passou a apoiar os alunos da Cefet-Uned-Macaé”, comentou.
Depois de vencer a feira de Ciências municipal, o trabalho ficou em primeiro lugar na Feira Estadual, no Rio, em novembro do ano passado, e em primeiro lugar na Feira Nacional, ocorrida na Universidade de São Paulo (USP), em março deste ano. O trabalho macaense competiu ao todo com 293 concorrentes de escolas municipais, estaduais, particulares e técnicas de todo o país.
Além disso, os estudantes macaenses receberam o prêmio do Instituto Paula Souza e do Sebrae. “Não foi surpresa a premiação deste projeto, o que permitiu que a parceria com a Sectec evoluísse para a instalação da fábrica de bio diesel”, destaca Marcelo Machado.
De acordo com o secretário Guilherme Jordan, a fábrica vem ao encontro das necessidades básicas da região, que incluem a busca de incentivos a novos espaços de negócios para a economia:
- A partir do desenvolvimento do trabalho da professora Margarida em transformar o óleo vegetal em bio diesel, instalaremos a fábrica, cuja matéria prima será recolhida em estabelecimentos comerciais na cidade. Além do mais, estaremos produzindo combustível ecológico, iniciando uma revolução numa possível transformação da matriz energética, avalia.
Jordan citou vários exemplos sobre a importância do projeto. O descarte do óleo poluente, que será tratado e convertido em combustível, além do fato de o bio diesel ser menos poluente sendo tema nacional de energia alternativa, é uma das justificativas para o projeto.
Conforme disse a professora Margarida, a fábrica de bio diesel poderá crescer em função da demanda e utilizar outros óleos vegetais, que viriam a incentivar a agricultura familiar, conferindo à futura empresa o selo de empresa social. Este selo é dado pelo governo federal. Também será pleiteado o selo verde, devido ao destino nobre do material poluente, produzindo bio diesel, fonte energética oriunda da bio massa.