Foto: Ana Chafin e João Barreto
Maestro Hélio Rodrigues celebra 17 anos à frente da Nova Aurora
Casa cheia, plateia participativa e longos aplausos. Um público entusiasmado assistiu, na noite desta quarta-feira (8), ao concerto da Orquestra de Sopros Banda Sinfônica em comemoração aos 149 anos da Sociedade Musical Nova Aurora. A apresentação aconteceu no pátio da sede da instituição, no Calçadão da Avenida Rui Barbosa. O repertório variado, interpretado por 58 músicos regidos por Hélio Rodrigues, alegrou e emocionou a plateia.
Os hinos Nacional Brasileiro, de Francisco Manoel da Silva e Osório Duque Estrada, e da Independência do Brasil, de D. Pedro I e Evaristo da Veiga, abriram o concerto, que teve como destaque a opereta “Viúva Alegre”, de Franz Lehár. No programa ainda estavam "The Merry Widow Selections", de Franz Lehar; "Sinatra In Concert", arranjo de Jerry Nowak; "África", de David Paich e Jeff Porcaro e variações sobre a "Jardineira", de Benedicto Lacerda, com arranjo para orquestra de sopros de Daniel Martins. O repertório incluiu "Copacabana", de Braguinha, e "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso. Fabio Henriques (Guma) e Tobias Maciel foram os solistas convidados para a suíte com canções de Alceu Valença, fechando com descontração o espetáculo.
"Eu gostei bastante. Tive o privilégio de assistir a alguns ensaios e tinha uma noção de como seria. Mas foi muito melhor do que eu pude prever. Foi incrível", disse o auxiliar administrativo Wesley Sales. A enfermeira e estudante de saxofone da Escola de Música de Rio das Ostras, Virgínia Januário, também elogiou o concerto. "Foi maravilhoso! Excelente. O que mais me chamou a atenção foi o equilíbrio dos sons", destacou. Os secretários de Cultura, Leandro Mussi e o Adjunto de Turismo, Leonardo Anderson, prestigiaram o evento.
A próxima apresentação da Banda Sinfônica Orquestra de Sopros Nova Aurora, em Macaé, será no dia 26 de junho (domingo), às 11h, na sede. Atualmente, a sinfônica é formada por 62 músicos profissionais e amadores que, em sua maioria, receberam formação musical na Nova Aurora. A orquestra é composta por flauta, flautim, oboé, clarineta, clarineta contrabaixo, clarineta baixo, saxofone alto, tenor e barítono. E ainda trompetes, trompas, trombones tenores, trombones baixos, tubas e bombardino, bateria, tumbadora, triângulo, xilofone, vibrafone, multifone, quarteto de tímpanos e gongo chinês.
Maestro
O trombonista Hélio Rodrigues é licenciado e pós-graduado em Educação Musical e Ensino de Artes pela Universidade Cândido Mendes-RJ. Na quarta-feira (8), o maestro completa 17 anos à frente da orquestra. Ele já havia sido regente da banda estudantil da Nova Aurora, até substituir o maestro Carlos Jorge (Carlão) na banda principal. A condição de Helinho, como é chamado, para aceitar o convite foi, primeiro estudar e, depois, poder transformar a banda em sinfônica.
Como trombonista, atuou na Orquestra Sinfônica de Campos dos Goytacazes e, como músico convidado, na Orquestra Sinfônica Jovem da Petrobras, na Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Orquestra Sinfônica Brasileira, na Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense e na Orquestra Sinfônica Bachiana Filarmônica do Sesi de São Paulo. Helinho também ministrou aulas na Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart) e, atualmente, é servidor efetivo da Rede Municipal de Educação. Ele é lotado no Colégio Estadual Municipalizado Polivalente Anísio Teixeira, como instrutor de banda marcial.
Morador da Rua Conde de Araruama, no coração da cidade, Hélio se apaixonou pela música quando criança, ouvindo a banda do Colégio Cenecista Caetano Dias (hoje C.M. Profa. Maria Isabel Damasceno Simão, no Centro), na época regida por Jamil Andrade Dias. A quadra da escola onde aconteciam os ensaios dava para os fundos da casa de sua família.
"Eu saía de casa fugido para estudar música, porque minha mãe não deixava. Depois fui estudar na Nova Aurora. Assim, estava sempre concentrado e disciplinado pela música. Quando minha mãe percebeu isso, começou a me incentivar. Então, tive que trabalhar sem salário por um ano no negócio da família para ganhar dos pais o meu primeiro instrumento. Esta instituição é a minha vida. Se não fosse por ela, não seria o homem que sou hoje. Só tenho a agradecer por tudo que fez por mim e pela minha carreira", conta.
Hélio foi, por nove anos, presidente da Nova Aurora, mas renunciou ao cargo para que a sociedade musical pudesse concorrer a editais públicos, haja vista que é servidor público. Ele completa: "Muito da prática de regência que tenho adquirido dentro de orquestras sinfônicas profissionais, observando grandes maestros brasileiros e estrangeiros. A sinfônica da Nova Aurora não é melhor, nem pior que as demais, mas é diferente em sonoridade. As dinâmicas são mais delicadas, com nuances musicais. Executamos obras complexas para uma banda que não é profissional. Tocamos obras de nível cinco de dificuldade, apesar de ensaiarmos por duas horas, apenas uma vez por semana, porque muitos são músicos amadores e trabalhadores em outras áreas".
Bodas
A Nova Aurora já se prepara para o seu aniversário de 150 anos, em 2023. A sede passou por obras de revitalização e ganhou um painel de grafite comemorativo, homenageando Benedito Lacerda. O trabalho de Felipe Talu apresenta uma dedicatória do músico à instituição datada de 1941. A caligrafia do célebre macaense foi transcrita no muro dos fundos da sede por Emanuely Lima Matos.
Prêmios
A sociedade musical foi premiada por editais públicos, conquistando inclusive o primeiro lugar com nota máxima no Prêmio Trajetória Cultural Macaense (concurso 02/2021). O prêmio no valor de 30 mil foi empregado na mão de obra para a revitalização do prédio, custeando 30% da obra, orçada em aproximadamente R$100 mil.
Também, em parceria institucional com a Usina de Fomento Cultural, presidida por Marcos Outeiro (Kuíka), a Nova Aurora foi contemplada em edital da Funarte, com instrumentos de sopro. Já com o prêmio "Retomada Cultural RJ 2", categoria Circuito, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, a sociedade ganhou 50 mil, concorrendo com o "Projeto Circuito Sinfônico da Independência", uma referência ao bicentenário da Independência do Brasil.
A sociedade musical também recebe apoio privado. A empresa Arco-íris Petro Tintas, através de uma ação social da Tintas Coral do Brasil, doou mais de R$ 10 mil em tintas. Com a economia com as tintas, foi possível a aquisição de 60 cadeiras para a orquestra com recursos próprios.
Revitalização da sede
Todo o telhado e teto da cúpula da capela Santa Cecília foi restaurado e impermeabilizado. As portas internas de madeira foram substituídas por de alumínio e os pisos de barro foram trocados. Houve reforma dos banheiros, quarto de instrumentos e despensa, adequando o espaço às necessidades dos alunos e da orquestra.
Aulas
Anualmente são oferecidas 60 vagas para pessoas a partir de 10 anos de idade. As inscrições e aulas são gratuitas. Cada dia da semana é reservado a um instrumento. As aulas acontecem a partir das 14h, nos turnos da tarde e da noite. As matrículas serão abertas na semana após o Carnaval de 2023.
Apoio
A Sociedade Musical Nova Aurora é mantida pelo aluguel de três lojas e três salas comerciais, além de taxa de manutenção simbólica paga pelos alunos. A instituição conta com dois professores e dois funcionários administrativos e busca atrair recursos para sua manutenção e expansão. Por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, que dispõe sobre a concessão de benefício fiscal para realização de projetos culturais, empresas contribuintes de ICMS podem patrocinar a Sociedade Musical Nova Aurora, que está inscrita no Sistema Desenvolve Cultura da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC-RJ).
Tudo é feito online pelo endereço cultura.rj.gov.br/lei-de-incentivo-a-cultura. Desta forma, 3% do ICMS devido à empresa, que cumprirá etapa de responsabilidade social (ISO), será destinado à banda. Em contrapartida, a empresa terá sua logomarca divulgada em todas as peças publicitárias da associação musical. A adesão precisa ser renovada a cada dois anos.