Para fazer avaliações dos trabalhos realizados pela recuperação de 20 dependentes químicos, equipe multiprofissional da comunidade terapêutica Shalom and Life reúne-se semanalmente na sala de reuniões da entidade. Compõem o grupo cinco conselheiros em dependência química, três psicólogos, uma terapeuta ocupacional, um assistente social, duas técnicas em enfermagem, um psiquiatra, um clínico geral e um professor de educação física.
Também fazem parte do grupo que ajuda seres humanos a se libertarem do mundo das drogas um administrador, um coordenador de grupo familiar e um coordenador do projeto Shalom and Life. Entre os temas discutidos pelos profissionais estão os casos reincidentes, questões administrativas, terapêuticas e familiares, além de análise do caso particular de cada um dos residentes.
A prefeitura de Macaé fornece subvenção para manter a Shalom and Life, por meio do Fundo Municipal Anti-Drogas, enquanto a secretaria municipal Especial de Saúde cede os profissionais para atuarem na comunidade terapêutica. Segundo o psicólogo Cidnei Bertussi, suas observações ocorrem por intermédio de trabalhos clínicos (individuais e em grupo), cujo enfoque é a terapia em dependência química. Ele atua na comunidade há três anos.
Ele disse que em seu trabalho deve-se ter tolerância à frustração, uma vez que muitos recaem. “Entretanto, o índice de recaídas é menor que o habitual”, afirma. A comunidade terapêutica Shalom and Life fica na Rua Sidnei Vasconcelos de Aguiar, nº 869, Cancela Preta. Atende pelo telefone 2765-5072. Seus membros são tratados porque as famílias os conduziram para lá, não havendo resgate nas ruas, como o realizado por outras entidades que trabalham com dependentes químicos.
Já o coordenador do projeto Shalom and Life, Carlos Magno, ressaltou que não é a recaída que coloca em pedaços o sujeito, mas sua postura diante dela. Ele lembra que muitos saem fortalecidos depois do episódio de queda.
- O tratamento dura dois anos, sendo subdividido em três fases: a residencial (quando os dependentes químicos moram na casa), a semi-residencial (são os casos em que eles ficam os dias úteis na comunidade e os finais de semana em suas residências) e a etapa pós tratamento, na qual o ex-residente é acompanhado quinzenalmente com terapias de grupo - disse.
O assistente social Fábio Azevedo enfatizou que seu trabalho busca a reinserção dos dependentes na sociedade, na família e no meio profissional. É que eles sofreram com uma ruptura muito profunda, sendo necessário levá-los à reconstrução dos laços afetivos, sociais, familiares e de trabalho.
- Tudo isso é um desafio para mim como assistente social da comunidade terapêutica Shalom and Life - aponta, acrescentando que a droga incapacita o ser humano.
Justamente trabalha com a auto-estima e a sensação de utilidade e valor a terapeuta ocupacional Rejane Correa de Sá Santos. Ela realiza oficinas com os residentes, conduzindo-os a concretizarem seus sentimentos sem imposição.
- Eles criam temas, realizando festas juninas, Natal, Páscoa e outras. Além disso, busco promover sentimentos de utilidade, uma vez que são capazes de fazer muitas coisas, inclusive, utilizando material descartável - comenta.
Na comunidade, há área de lazer, consultório médico, biblioteca, quadra poliesportiva, piscina, salas para atendimento individual e grupal. Além do mais, também são oferecidos aos residentes salas de reuniões, salão de jogos (pingue-pongue, sinuca, xadrez, damas, dominó). Lá, ainda funciona a sala de Narcóticos Anônimos, onde todos os membros freqüentam seguindo os doze passos de NA, como o primeiro degrau no qual o adicto é conduzido a reconhecer sua impotência perante substâncias psico-ativas, que são tudo aquilo que introduzido no organismo humano muda o humor da pessoa.