Narrativas Negras: Educação cria núcleo e ações antirracistas

16/08/2022 16:00:00 - Jornalista: Equipe Secom

Foto: Divulgação

Oficinas de Jongo e Maculelê foram realizadas em unidades escolares

Com a proposta de conhecer os profissionais que desenvolvem ações voltadas para a Cultura Afro-Brasileira e Indígena nas escolas, a Secretaria Municipal de Educação criou núcleo interno, com representantes das superintendências de Educação Infantil, Anos Iniciais, Anos Finais e Médio, além de Integrada. O setor já desenvolve uma série de atividades denominadas Narrativas Negras.

De acordo com o Secretário Adjunto de Educação Básica, Robério Fernandes, o núcleo faz parte do Programa de História Cultura Afro-Brasileira e Indígena da Educação. Ele acrescenta que algumas atividades em pauta são roda de conversa nas escolas com alunos, formação de conselhos escolares, introdução à temática das questões étnico-raciais na reelaboração dos projetos políticos-pedagógicos nas unidades escolares, formação para profissionais com a ideia de constituir a rede de Cultura Afro (núcleo externo).

A coordenadora do Programa de História Cultura Afro-Brasileira e Indígena da Educação, Kátia Magalhães, destaca que o núcleo também tem o objetivo de fazer a implementação e aplicabilidade das leis 10639/03 e 11645/08, que obrigam o Estudo da História Africana, Afro-Brasileira e Indígenas.

Docente de Arte nos colégios municipais Engenho da Praia e Professora Maria Letícia Santos Carvalho, o professor Gil Hora conta as ações que tem desenvolvido nas escolas com outros agentes da cultura da região. “Desde junho, a direção geral de cada unidade acolheu a proposta das oficinas de Jongo e Maculelê. Geralmente, articulo as ações pedagógicas de sala de aula com oficinas presenciais”, frisa.

Gil acredita que cada professor ou escola deve estabelecer relações de troca e articulação com os agentes de cultura regionais, fortalecendo o trabalho que realizam, para que não seja uma ação desigual. Ele acrescenta que as características únicas de cada unidade escolar precisam ser consideradas para o desenvolvimento deste tipo de ação.

“As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana orientam práticas pedagógicas voltadas para valorização de elementos fundamentais para a cultura afro-brasileira, como a construção oral do conhecimento, uso do corpo, fazer artístico e estético específico. Foi justamente este o conceito que orientou nossas práticas. Os saberes e fazeres do Jongo e Maculelê não estão em livros. Eles estão nas pessoas, nos agentes, que constroem cotidianamente este conhecimento através da prática e transmissão. Por isso, a importância da manutenção e continuidade destes conhecimentos”, destaca o professor.

As oficinas contaram com a participação do Contramestre Bonde, do Movimento Voluntário Cultural de Macaé, do mestre Mistério e da instrutora Dandara, da Associação de Cultura e Capoeira Balikuddembe, da coordenadora de Políticas da Juventude, Andressa Dantas, da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Acessibilidade, além de alunos e professores.

“Infelizmente, por desconhecimento e preconceito decorrente do racismo estrutural enraizado em nossa sociedade, e consequentemente presente no cotidiano escolar, ainda existe uma rejeição para com os saberes e fazeres do negro no espaço escolar. Por isso, esta ação se faz muito importante para a mudança de paradigmas neste ambiente. Assistir e estar presente neste tipo de proposta é um dispositivo de aprendizado crítico”, ressalta Gil.


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