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Palestra ‘Educação Raça’ encerra evento de abertura do ano letivo em Macaé

07/02/2025 16:34:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Rui Porto Filho

Cerca de 1.440 educadores participaram do ciclo de palestras

O ciclo de palestras voltado para profissionais da Educação da Rede Municipal de Macaé que abriu o ano letivo de 2025 foi encerrado, nesta sexta-feira (7), com o tema "Educação raça: perspectivas políticas, pedagógicas e estéticas". A convidada foi a doutora em Antropologia social pela Universidade de São Paulo (USP), Nilma Lino Gomes. Em 2013, a pesquisadora foi nomeada reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), tendo sido a primeira mulher negra do Brasil a comandar uma universidade pública federal. Em 2015, foi ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

Abrindo a palestra realizada na Cidade Universitária de Macaé, o secretário adjunto de Educação Básica, Matias Mendes, ressaltou duas metas da pasta para este período: melhorar os Indicadores da Educação (dados que medem a qualidade do ensino-aprendizagem) e promover ensino ainda mais humanizado. "Desejo a você um ano letivo de muito sucesso e que, ao fim do ano, possamos constatar que valeu a pena cada esforço", disse.

Nilma Lino iniciou a sua explanação enfatizando que educação é prática social e que o racismo existe também como uma prática, mas lamentável, nas sociedades. Em seguida, ela apresentou um panorama do município sobre estas temáticas.

"De acordo com dados do IBGE, 53% da população de Macaé se autodeclara preta e parda. Em fevereiro de 2024, o município aderiu ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Verifiquei que Macaé tem o Estatuto da Igualdade Racial, uma Secretaria e um Núcleo de Estudos. Vou falar para pessoas que vivenciam este tema na orientação da política educacional e na orientação das práticas pedagógicas. É muito raro termos no Brasil municípios com todas estas estruturas de políticas de igualdade racial e, principalmente, articuladas com as políticas educacionais", disse.

A pesquisadora abordou aspectos estéticos da questão racial, apresentando literatura infantil sobre a valorização de fenótipos de pessoas negras. "A dimensão estética está intrinsecamente relacionada à aceitação de si, a uma posição positiva de sua própria identidade (...) A minha geração cresceu vendo outras imagens em livros didáticos (...) É preciso trabalhar muito a ideia das representações. Do ponto de vista estético, as representações mostram as relações de poder. Hoje temos o Programa Nacional do Livro Didático com orientações que precisam contemplar a diversidade e não podem conter estereótipos raciais, em relação às deficiências, ao gênero e a questões socioeconômicas", completou.

Desde terça-feira (4), o ciclo de palestras alcançou um público de cerca de 1.400 educadores. Ele foi organizado pelo Centro de Formação Carolina Garcia e a Gerência de Ensino da Secretaria de Educação (Semed). Também participaram da ação: a doutora e mestre em Psicanálise e Educação, Marta Relvas, que desenvolveu o tema ‘Fundamentos da Neurociência e a Complexidade Cerebral na sala de aula – Despertando potencialidades, inteligências e afetividade’; Daniel Munduruku, com ‘O papel da Cultura Indígena na formação da sociedade brasileira’ e Eugênio Cunha, com ‘Formação docente para a escola contemporânea’.