Galeria de Artes apresenta mostra de nove artistas

19/12/2021 11:18:00 - Jornalista: Janira Braga

Foto: João Barreto

Exposição pode ser visitada das 9 às 17 horas no Centro Macaé de Cultura

Com curadoria do jornalista e produtor cultural Gerson Dudus e da artista visual Amanda Morais, a Galeria Hindemburgo Olive, do Centro Macaé de Cultura, vinculado à Secretaria de Cultura, inaugurou na sexta-feira (17), a exposição fotográfica "A Alegria é a Prova dos 9", que reúne trabalhos de nove artistas macaenses, autores de fotografias analógicas e digitais, colagem manual digitalizada e ilustrações.

- Temos um espaço institucional que dá espaço para os artistas. Cultura presente é uma cultura que acolhe - destacou o secretário de Cultura, Leandro Mussi, ressaltando que haverá artistas expondo todos os meses.

Gerson Dudus comentou que a exposição marca um momento de renovação cultural na galeria. "A exposição anterior foi feita com memórias e acervos, assuntos que já transitaram aqui na galeria. Aqui é o presente, com artistas de 20 a 30 anos, sendo a primeira vez que eles ocupam o espaço institucional", comentou.

A abertura da exposição contou com apresentação musical de Zé Rangel e Nardinho. A exposição, que ocupa três salas sendo uma parede para cada artista, ficará aberta ao público até o dia 15 de janeiro de 2022, das 9 às 17h. O Centro Macaé de Cultura fica localizado na Avenida Rui Barbosa, 780, no Centro da cidade.

Artistas apresentam talentos contemporâneos
Os nove artistas que estão na mostra são: Vitor Riani - fotografia digital; Tais Exposito - fotografia digital; Marcus Philippe - fotografia analógica; Julia Gordiano - fotografia digital; Jonatan Oliveira - ilustração; Isabelle Neres - colagem manual digitalizada; Iris Pimentel - fotografia analógica; Cecília Dias - fotografia digital; Amanda Morais - fotografia digital.

Marcus Philippe, fotógrafo e filmmaker com interesse artístico voltado à experimentação no uso de mídias analógicas como a película fotográfica e cinematográfica, apresenta a série "Rastros de Passagem". "Vivendo em Macaé há mais de 20 anos, observo essa relação expandida a níveis territoriais, atingindo um grau de intimidade entre cidade, corpo e objeto que me deu a possibilidade de criar essas imagens de cima da minha bicicleta, sempre em movimento", explicou.

Jonatan Oliveira, o Jon, é um artista de 27 anos, nascido e criado em Macaé, que ilustra suas referências em momentos diferentes da vida, como personagens que viram símbolo de luta, ou de liberdade. "A arte primariamente precisa expressar, seja pra mostrar um sentimento, ou pra provocar, não só pra entreter", pontuou.

Vitor Riani mostra, em sua concepção, "um modo próprio de ver o mundo". Segundo sua definição, sua arte denota "felicidade contagiante. Enxergar a beleza na simplicidade, captá-la e transmiti-la".

A artista visual Amanda Morais, 26 anos, também é arte-educadora e pesquisa a linguagem visual como linguagem afetiva e a fenomenologia existencial como recorte perceptivo. "A imagem sempre foi uma voz, a memória, o resgate, o cadáver, a vida sempre se atualizando em minha percepção", classificou.

Trabalhando de forma intuitiva, Isabelle Nery, 22 anos, nascida em Macaé, colagista desde 2017, produz colagens analógicas e pratica a reciclagem nas obras usando como base superfícies como papel, tela e objetos encontrados jogados na rua como pedaços de madeira, vidros e espelhos.

Cecília Dias, mineira, 24 anos, moradora de Macaé há mais de uma década, usa de sua fotografia para se expressar. Sua arte tentou retratar o "sufocamento provocado pelas palavras não ditas. As tais que, ao serem guardadas, acabam por tornar-se aflições e aprisionam quem não as profere".

- O projeto "Eutravessia" consiste na experimentação do meu próprio corpo no mundo e das formas em que o mundo interage com ele. Para isso, foi utilizado de cenário um quarto branco representando a falta de identidade do corpo que busca e investiga os sentimentos que nele habitam. Nesse contexto, através das imagens, o corpo consegue ter pistas sobre quem ele é - precisou a artista visual Julia Gordiano.

Tais Exposito, 30 anos, exprimiu na mostra o projeto "Reflorescer" , idealizado na pandemia com a chegada de uma nova proposta de ressignificar. "As imagens são de alunos em contato com a natureza no seu brincar e descobrir", demonstrou a artista visual.

Iris Pimentel, tem 25 anos, expressa pela fotografia analógica e escritos poéticos sua investigação de contato com uma corporeidade em direção à vitalidade. Sua mostra, "Um sonho distante" oferece temas como a temporalidade, experiências subjetivas e intensidade, "com produção no alinhamento com natureza e entrelaçamento entre composição e decomposição numa atenção à cadência de vida e morte, parte e todo".

Curador faz analogia a Spinoza e Oswald de Andrade
Um dos curadores da mostra, Gerson Dudus, fez uma analogia ao filósofo Spinoza e ao modernista Oswald de Andrade ao falar da mostra na Galeria Hindemburgo Olive. "Os nove jovens artistas presentes nessa coletiva compartilham a alegria da criação com o público. Para Spinoza, filósofo do século dezessete, a alegria é o afeto que aumenta nossa capacidade de ser e agir no mundo. Todo afeto que deriva dela nos torna melhores", denotou.

Dudus lembrou que no Manifesto Antropófago, Oswald de Andrade, ícone do Modernismo, "a alegria é a prova dos nove", daí o nome da exposição. "A Semana de Arte Moderna, propulsora do movimento, completa 100 anos em 2022. E o Modernismo foi o primeiro a introduzir na cultura brasileira o elogio à alegria. Nesse sentido, essa coletiva quer celebrar, com o Modernismo, com a Antropofagia de Oswald, com a ética dos afetos de Spinoza, a alegria de estarmos vivos e podermos criar, apesar de tudo, pequenos universos sensíveis com nossas vidas", descreveu.


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